sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mnemosyne


.: Despertar :.

O sol está nascendo iluminando a fria manhã de um dia qualquer, em uma praia deserta um ser é lançado à areia, jogado feito um anjo caído. O mar parece calmo, subindo o nível apenas para deixar o estranho visitante.
Ele parece despertar de um sono profundo, abre os olhos cansadamente com a mente confusa retomando o movimento do corpo. Começa a se dar conta de onde está e que existe fisicamente, ainda não se mexe plenamente, mas as dores em seus membros não lhe deixam pensar direito. É a ferrugem do tempo, pensa ele. Tempo esse que não parece se expressar em sua aparência jovial.

Ele se levanta lentamente, ouvindo o vento deslizar sobre seu corpo sacudindo suas vestes e seus longos e alvos cabelos. O náufrago se mantém quieto prestando atenção aos sons à sua volta e nada encontra se não o quebrar das ondas. O cenário que o cerca é uma densa mata virgem, com alguns coqueiros espalhados mais perto da areia. A orla é de uma areia branca em forma de um "c" com penhascos criando uma proteção natural para a região com grandes rochas indo até o arrecife. A paisagem parece congelada no tempo, intocada, inanimada, o que desperta sua curiosidade.

O dia está claro com pouquíssimas nuvens bem altas esparramadas como pinceladas de tinta aguada feitas com rápidos movimentos. Atlas parece afastar Uranos o máximo que pode de Gaia. A abóbada celeste parece se misturar com o oceano no longínquo horizonte, dando a sensação de que não há separação entre céu e mar. Não é a toa que Zeus e Poseidon são irmãos. Por enquanto parecem em paz, até demais, como silentes e sonolentos seres recostados um no outro.
A calmaria parece incomodar o jovem, que revela em sua face uma profunda concentração. Compenetrado tenta lembrar-se de seu passado, mas apenas relâmpagos de imagens distorcidas lhe vem à mente.
Sua mente estava como a praia, tranquila, porém vazia e confusa, perdida no tempo.

Ele começa a se indagar de como foi parar  ali, pois não vira pegadas na areia e sequer um barco ancorado. Talvez seu barco tenha afundado. Perdido em suas reflexões para por um segundo, limpa e mente e percebe que sequer sabe seu nome. Não tem lembrança alguma de seu passado. Sem memórias de antes de acordar, foi como se tivesse acabado de nascer.



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